Acontece

A obra, que traz a trajetória e o propósito de vida de sete grandes mulheres da história de Salvador, foi transmitida em um telão e posteriormente ocorreu um bate-papo com as personagens. São elas: Negra Jhô, referência em estética e emponderamento afro; Tânia Toko, renomada atriz, intérprete de Neuzão no filme Ó Paí Ó; Conceição Macedo, fundadora de instituto para pessoas com HIV; Daniele Nobre, empreendedora e Deusa do Ébano do Ilê Aiyê de 2019; Carla Lis, musicista e vocalista do grupo Didá; Dona Dadá, empresária e referência da gastronomia baiana; e Rita Cliff Conceição, ativista comunitária, fundadora da primeira ONG para meninas negras de Salvador, reconhecida pela Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

Para conhecer essas histórias ímpares que vão ressignificar as concepções sobre o que é ser mulher e ser mulher em Salvador, é só acessar o site salvadormulheresehistorias.com.br/ ou o canal do Shopping Piedade no Youtube por meio do link https://www.youtube.com/watch?v=fnNBMiifECo.

O Documentário

São Salvador da Bahia é uma cidade histórica, berço de guerras e batalhas, representada pela persistência e resistência, sendo berço de uma cultura ímpar. “Salvador, Mulheres e Histórias” poderia falar da história de apenas uma mulher ou de dezenas de centenas delas que habitam esta capital cheias de encantos e axé. Salvador é forjada por muitas Joanas, Quitérias e Filipas, todas de fibra, perseverança, afeto, luta, de resistir para existir. Desde a fundação da cidade, a participação feminina sempre foi ativa, principalmente com mulheres do povo. E no desenrolar da obra, essas histórias se cruzaram.

As Mulheres

Negra Jhô: Filha da terra do dendê e de uma cultura ancestral sagrada, Valdemira Telma de Jesus Sacramento, Negra Jhô, carrega em suas mãos o dom do resgate histórico, através da estética e da emancipação da autoestima, a partir do òri (cabeça). Trancista desde os anos 70, ela fortalece os seus a partir da estética negra e de suas ações no Pelourinho. Trilhando caminhos e difundindo conhecimentos, a filha de Ogum e Oyá, Negra Jhô, carrega em si a essência que sempre foi negada, a sua ancestralidade.

Conceição Macedo: Responsável por criar, há mais de 30 anos, a IBCM – Instituição Beneficente Conceição Macedo, que acolhe e busca integrar famílias de pessoas portadoras do vírus HIV, Tia Conça, carinhosamente conhecida pelos seus voluntários e pacientes, é auxiliar de enfermagem aposentada e um verdadeiro exemplo de empatia e solidariedade. Suas ações são voltadas para prostitutas, travestis e crianças soropositivas, que ao longo de 3 décadas se tornaram sua família. Tia Conça ensina à todos a importância do cuidado e do afeto sem julgamento e com muito carinho.

Daniele Nobre: Filha das matas e dona de uma beleza de rainha, Daniele é uma verdadeira Deusa do Ébano. Empreendedora, secretária executiva pelo Centro Universitário Estácio da Bahia e dona de si. Quando criança não imaginava que ao sair no maior bloco afro do Brasil, Ilê Aiyê, iria tornar-se uma representação para milhares de mulheres. Foi nomeada como a Deusa do Ébano em 2019 e carrega em si uma força matriarcal que a faz guiar outras Danieles a outros títulos.

Carla Lis: Cantora, mãe de Zaion, uma voz em ação por onde passa. Desde a infância encanta a todos com sua voz marcante e contagiante. Vocalista da Banda Didá desde 1998, Carla é destaque baiano e leva multidões com sua melodia, alegria e potência. Com formação inicial e técnica em música pela Universidade Federal da Bahia, e posteriormente em Recursos Humanos pela Universidade Dom Pedro, Carla trabalha desde cedo a importância do estudo da música e do que ela representa.

Tânia Toko: Atriz, arte educadora, produtora, diretora e cheia de arte, Tânia Toko, nascida e criada na comunidade de Vila Rui Barbosa, Cidade Baixa, trás em seus mais de 30 anos de carreira nas artes cênicas, o sorriso largo e um olhar marcante. Graduada em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, Tânia integrou grupos teatrais de referências nacionais, mas foi a partir do Filme “Ó Paí Ó”, com a personagem “Neuzão”, que ela ganhou ainda mais destaque nacional. Seu extenso currículo consta desde novelas globais a mais de 20 espetáculos teatrais. Tânia é uma profissional de tirar o chapéu. Uma baiana retada que “não come reggae” de ninguém.

Aldaci dos Santos: Carinhosamente conhecida como Dona Dadá, desde cedo precisou trabalhar para garantir o sustento da sua família. Sua vida, assim como a de muitas mulheres negras e pobres de Salvador, não foi fácil. Passou por grandes processos de violências e de perdas, mas isso não tirou suas maiores marcas, o sorriso e o dom de cozinhar. Sua arte nasceu em um “cantinho” na Federação, lá no Alto das Pombas, mas ganhou o mundo com os seus sabores de “lamber os beiços”. Referência na culinária baiana há mais de 30 anos, Dona Dadá, hoje no Pelourinho carrega em seus cardápios muitos ingredientes, mas os principais são o amor, humildade e afeto.

Rita Cliff Conceição: Ativista comunitária, candomblecista, descendente direta da irmandade da Boa Morte, antropóloga, fotógrafa, estudante de pedagogia da Universidade Federal da Bahia e fundadora da primeira ONG para meninas negras de Salvador, a Bahia Street. Em 2008, Rita recebeu da Unesco, na sede em Nova York, o título de Dra. Honoris Causa, pela sua obra humanitária realizada através de sua ONG. Uma das precursoras da fotografia negra em Salvador. Uma potência ancestral em terra.